sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Devaneios tolos

“Há meros devaneios tolos a me torturar.” Como essa frase grita em meu ouvido numa madrugada em que meus pés congelam. Tolice se torturar, tolice torturar os devaneios. No exato momento em que a realidade me chama eu grudo meus pensamentos com uma fita em mim para que não incomodem quem dorme ao lado. Essa incessante sensação de não estar mesmo quando se é ou mesmo de não ser quando se está, quando se pede e se clama e se reclama e se perde e se mede. E não saber pra que lado se chega mais rápido ou pra que lado se chega melhor. Melhor não complicar, fechar os olhos e sortear. Simplesmente correr e escorrer pelos corredores jurando jamais jurar. Acreditando querer crer mesmo descrendo. E jogando todas as apostas postas, depositadas e postadas pelos postos dispostos. E dormindo, indo pra qualquer sonho, sendo ele real ou ideal. Sonho ideal, vida real, vida ideal, sonho real. Me perco falando frases feitas, formando fatos falidos e fictícios. Chorando pelo perdido partido já tido e retido. Retiro palavras tiradas de tiras tortas. Tonta com tantos tipos. Tomada por nada, por meros, por me torturar, por tolos.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Alguém?

Se alguém pudesse sentir metade do que sinto talvez eu aceitasse as palavras que direcionam a mim. Se ao menos eu sentisse o que sentem, pudesse eu então ouvir o que tem para me dizer. Eu não penso mais em metade do que pensava, eu não entendo um terço das minhas resoluções. Cada vez mais complico frestas de portas e sombras de árvores em calçadas. Não me venham falar das flores, só quem já se espetou em uma rosa entende o que falo... Ou não. Cafona, frases e ditados cafonas, auto-consolo impróprio e cafona. Um peso sai de mim a cada palavra que escrevo, mas quem as lerá? Quem as ouvirá? Na verdade, quem de fato as sentirá? Fico eternamente subjugando meus atos e pensamentos e idéias e palavras – autocrítica impiedosa. Piedade, sem ter pra quem nem por que. Porque é preciso entender, porque complicar é um fato, um fardo que se leva que se lava a cada chuva inesperada num dia de sol. Se alguém pudesse sentir metade do que escrevo... Se alguém pudesse me ver com meus olhos... Talvez eu não escrevesse mais, talvez eu não sentisse mais. Porque eu seria você, mas você jamais seria eu.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Infinito

Quantas vezes eu já tinha tentado dormir naquele sofá. Olhava o relógio incessantemente a cada 3, 4 ou 5 minutos. A sensação de ter alguém inconveniente na sala se tornava cada vez mais concreta.
Minha cabeça voltou a pensar compulsivamente e aquela música que eu odeio compunha a trilha dos meus pensamentos - "Merda de vida".
Sono, eu estava com muito sono e nada de conseguir dormir. Sentei no sofá e olhei pela janela as estrelas no céu. De repente senti falta de você, você que não me faz a mínima falta. Você que nos pôs uma vírgula que talvez seja um ponto, mas que parece uma reticências.
É isso que me incomoda, que me acorda e me faz pensar. É esse fim inacabado, a vontade de esquecer, o medo de querer, lembrar, saber o fim. O infinito concluído sem explicações. Como meu sono que parecia eterno, mas que foi interrompido por "alguém inconveniente na sala". Como tudo, como sempre, como no passado e sempre, como no presente e sempre, como sempre e sempre...