quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cipermetrina

Mergulhado no veneno que está entranhado em mim, me dói até o ar que respiro.
E minhas pernas não seguem o caminho devido, me esbarro em todos os obstáculos. Minha cabeça pesa e meu corpo não me pertence.
Meus pensamentos não condizem com minhas ações.
E vomito tudo que está em mim mas, não é meu.
Cadê as Flores e a terra? Só tem sangue!
As flores nascerão da terra regada a sangue, suor e lágrimas.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Minha criança

Queria ser aquela criança que corria pro seu quarto quando tinha pesadelo
Que chorava toda vez que você viajava a trabalho
E que se sentia a pessoa mais segura do mundo quando você voltava e me abraçava apertado
Queria ser aquela criança que aprendia a cada passo que você dava
Aquela criança que fazia birra e ficava de castigo jurando nunca mais te dirigir a palavra
Mas que rezava pra que a porta do quarto se abrisse e você dissesse que tinha perdoado minha molecagem
Queria ser aquela criança que corria pro seu colo pra um eterno consolo
Aquela criança que tinha medo e achava que você podia resolver tudo
Tudo que parecia impossível, tudo que era tudo
Queria que você lembrasse-se da criança quando criança
Aquela criança que muitas vezes eu já esqueço e parece que você também
Você não pode, não deve esquecer aquela criança como a sua criança foi esquecida
Eu não tenho memória de você quando criança
Você sempre escondeu sua criança
Na verdade você acha que sempre escondeu
Mas ela sempre aparecia em momentos marcantes e peculiares de nossas vidas
E sempre que sua criança aparecia, eu não sabia o que fazer com a minha
A minha se escondia e tentava acolher sua criança
Mas era nítido que essa criança que fingia ser adulta jamais conseguiria consolar essa adulta que era mais criança que a própria criança
Eu não tenho culpa da sua infância, embora entenda
Talvez eu não entenda o suficiente pra te dar o apoio necessário
Talvez eu nunca entenda, porque nem você mesma entende
Nem você mesma enxerga essa infância, sua infância, sua criança
Sua infância que grita em cada fase minha
Que me julga como a uma coleguinha que rouba a boneca da outra
Sua infância que não foi infância
Minha infância que acabou logo
Sua infância que pede minha infância
Eu que peço você
Você que sempre espera tudo de mim.