sexta-feira, 30 de julho de 2010

talvez

Talvez hoje eu tenha coragem de embarcar por aí em qualquer história
Talvez hoje eu tenha forças pra mudar tudo a minha volta
Talvez ficasse pensando se poderia recriar tudo
Talvez eu pudesse voltar ao nada
Talvez eu fosse alguma coisa
Talvez me perdesse
Talvez fosse
Talvez

Metaforicamente uma metáfora

Ser capaz ou incapaz
O que mede?
O que é capaz de dizer se sou capaz?
Incapaz de poder ser
Ser incessantemente capaz de ser incapaz
Ser ou estar... Estar e ser
Tentar fazer e não ter
Discutir a favor de si contrariando-se em todas as partes
Perder a capacidade de ser
Querer estar pronta pra ser
Simplesmente ser, independente de estar
Julgar a própria capacidade pra tentar entender
Entender a capacidade de estar sem precisar ser
Embarcar em si e mergulhar sem pensar
Perder toda a compostura
Simplesmente sentir
Sentir sem ter
Ter e não poder
Meramente capaz de sentir
Fortemente embriagada pelo ser
Extasiada por tentar estar
Vai e volta
Volta sempre que vai
Incapaz de ser incapaz de ser
Estar culpada por ser
Perder por não estar sendo
Por não ser o que está
O que é
Talvez será
Metaforicamente uma metáfora
Perdida entre coisas, seres e nada
Entre nada, coisas e seres.

O que falta?

Sinto falta do que era antes de ser quem sou antes de ser quem era. De quando eu nem sabia o que era existência. Sinto falta de ser antes de ser. Do corpo antes do corpo, das palavras indizíveis. Sinto falta dos cheiros que nem existiam quando eu os sentia. Sinto falta de mim quando eu era outra. Sinto falta de coisas antes de serem coisas. Falta do controle que eu não tinha. Do ar antes do ar, do ser antes do ser. Sinto falta de caminhar quando as pernas não existiam e de abraçar quando meus braços não abraçavam e quando você não estava. Sinto falta de você antes de você. Sinto falta de tudo antes mesmo de ser nada. Sinto falta das pedras que ainda não estavam ali. Eram palavras que ecoavam em meus pensamentos antes de ecoar, antes de serem pensamentos. Sinto falta do futuro antes mesmo do passado, do presente antes mesmo de agora. Sinto falta do seu corpo antes do meu corpo, e dos seus olhos antes dos meus olhos e das bocas antes de serem bocas. Sinto falta de sentir antes mesmo de sentir. Falta do que foi e do que será. De quem fui de quem serei e, sobretudo quem nem ao menos serei. Sinto falta das faltas que não senti que não sinto que não são. Não sinto falta de sentir, porque falta é só o que sinto.

Terra e ar

O que preciso não é da terra
Ela me tem em excesso
Tem-me por mim, pra ela
Prende-me, não por mim, pra ela
Agora antes da terra preciso do ar
Flutuar em qualquer direção
Esbarrar-me em qualquer canto
E continuar, sempre continuar por aí
Como se nada existisse
Como se nada impedisse
Excesso de terra pesa
Preciso antes do ar pra flutuar
Sim, um pouco de terra pra me manter
Preciso antes do ar,
Pra me perder por aí sem me importar
Tenho antes a terra
Pra me importar sem me perder
Prefiro antes o equilíbrio
Pra flutuar e me importar
Pra me perder e sempre me achar
Tenho antes o acaso que me acha sempre que me perco.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Insônia

Quebrando o silêncio noturno com meias palavras de pensamentos inteiros. O silêncio que quebra meu sono e parte meu dia. São imagens aleatórias que surgem sem que eu perceba, são dizeres que nem percebo que surgem. O que estou fazendo às 02:33??? Tentando não fazer nada pra não sentir que estou realmente inerte. Inerte, sem movimentos, sem ações. Talvez agora eu possa fingir estar fazendo algo pra sentir o mundo girando e tudo que acontece enquanto estou deitada. Não faço nada, nem consigo dormir. Então, não conseguir dormir é fazer alguma coisa? Porque alguma coisa é qualquer coisa e qualquer coisa já é alguma coisa... Enfim, esses dias têm passado como um passado que não passa, embora eu tenha certeza de que passará. Não, não importa o que aconteça... Tudo passa. As noites, os sonos, os silêncios, o passado, o presente, eu, você!