quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Sem palavras
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Cipermetrina
E minhas pernas não seguem o caminho devido, me esbarro em todos os obstáculos. Minha cabeça pesa e meu corpo não me pertence.
Meus pensamentos não condizem com minhas ações.
E vomito tudo que está em mim mas, não é meu.
Cadê as Flores e a terra? Só tem sangue!
As flores nascerão da terra regada a sangue, suor e lágrimas.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Minha criança
Que chorava toda vez que você viajava a trabalho
E que se sentia a pessoa mais segura do mundo quando você voltava e me abraçava apertado
Queria ser aquela criança que aprendia a cada passo que você dava
Aquela criança que fazia birra e ficava de castigo jurando nunca mais te dirigir a palavra
Mas que rezava pra que a porta do quarto se abrisse e você dissesse que tinha perdoado minha molecagem
Queria ser aquela criança que corria pro seu colo pra um eterno consolo
Aquela criança que tinha medo e achava que você podia resolver tudo
Tudo que parecia impossível, tudo que era tudo
Queria que você lembrasse-se da criança quando criança
Aquela criança que muitas vezes eu já esqueço e parece que você também
Você não pode, não deve esquecer aquela criança como a sua criança foi esquecida
Eu não tenho memória de você quando criança
Você sempre escondeu sua criança
Na verdade você acha que sempre escondeu
Mas ela sempre aparecia em momentos marcantes e peculiares de nossas vidas
E sempre que sua criança aparecia, eu não sabia o que fazer com a minha
A minha se escondia e tentava acolher sua criança
Mas era nítido que essa criança que fingia ser adulta jamais conseguiria consolar essa adulta que era mais criança que a própria criança
Eu não tenho culpa da sua infância, embora entenda
Talvez eu não entenda o suficiente pra te dar o apoio necessário
Talvez eu nunca entenda, porque nem você mesma entende
Nem você mesma enxerga essa infância, sua infância, sua criança
Sua infância que grita em cada fase minha
Que me julga como a uma coleguinha que rouba a boneca da outra
Sua infância que não foi infância
Minha infância que acabou logo
Sua infância que pede minha infância
Eu que peço você
Você que sempre espera tudo de mim.
domingo, 17 de outubro de 2010
Alimento
Amar pelos amores já amados
Os amores bem-amados
Talvez amores somente amados
Ou os nem tão amados assim
Mas amores
Amar quem de fato amou
Talvez assim eu saiba o que é amar
Ah amor
Amor de outrora
Amor de outrem
sábado, 9 de outubro de 2010
Meu silêncio
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Palavras
Eu sabia que elas pertenciam a mim
Mas não sabia o que fazer com elas
E elas flutuavam e me mostravam o que tinha que ser dito
O que tinha que ser feito
Palavras que eram minhas, mas não me pertenciam
E as palavras me levaram além
Me levaram a um lugar desconhecido
Onde eu podia me achar
Pisei em algumas palavras que se transformaram
E me modificaram
Algumas eu chutei
Palavras ao ar me envolviam
E me diziam, e me sentiam
Palavras que me pertenciam, mas não eram minhas
Eram palavras
Que voavam e me levavam, sim
Mas eram só palavras que por ali mesmo ficavam
E me deixavam.
Palavras que eu trazia ao chão
Palavras que aos poucos eram minhas e me pertenciam
sexta-feira, 30 de julho de 2010
talvez
Talvez hoje eu tenha forças pra mudar tudo a minha volta
Talvez ficasse pensando se poderia recriar tudo
Talvez eu pudesse voltar ao nada
Talvez eu fosse alguma coisa
Talvez me perdesse
Talvez fosse
Talvez
Metaforicamente uma metáfora
O que mede?
O que é capaz de dizer se sou capaz?
Incapaz de poder ser
Ser incessantemente capaz de ser incapaz
Ser ou estar... Estar e ser
Tentar fazer e não ter
Discutir a favor de si contrariando-se em todas as partes
Perder a capacidade de ser
Querer estar pronta pra ser
Simplesmente ser, independente de estar
Julgar a própria capacidade pra tentar entender
Entender a capacidade de estar sem precisar ser
Embarcar em si e mergulhar sem pensar
Perder toda a compostura
Simplesmente sentir
Sentir sem ter
Ter e não poder
Meramente capaz de sentir
Fortemente embriagada pelo ser
Extasiada por tentar estar
Vai e volta
Volta sempre que vai
Incapaz de ser incapaz de ser
Estar culpada por ser
Perder por não estar sendo
Por não ser o que está
O que é
Talvez será
Metaforicamente uma metáfora
Perdida entre coisas, seres e nada
Entre nada, coisas e seres.
O que falta?
Sinto falta do que era antes de ser quem sou antes de ser quem era. De quando eu nem sabia o que era existência. Sinto falta de ser antes de ser. Do corpo antes do corpo, das palavras indizíveis. Sinto falta dos cheiros que nem existiam quando eu os sentia. Sinto falta de mim quando eu era outra. Sinto falta de coisas antes de serem coisas. Falta do controle que eu não tinha. Do ar antes do ar, do ser antes do ser. Sinto falta de caminhar quando as pernas não existiam e de abraçar quando meus braços não abraçavam e quando você não estava. Sinto falta de você antes de você. Sinto falta de tudo antes mesmo de ser nada. Sinto falta das pedras que ainda não estavam ali. Eram palavras que ecoavam em meus pensamentos antes de ecoar, antes de serem pensamentos. Sinto falta do futuro antes mesmo do passado, do presente antes mesmo de agora. Sinto falta do seu corpo antes do meu corpo, e dos seus olhos antes dos meus olhos e das bocas antes de serem bocas. Sinto falta de sentir antes mesmo de sentir. Falta do que foi e do que será. De quem fui de quem serei e, sobretudo quem nem ao menos serei. Sinto falta das faltas que não senti que não sinto que não são. Não sinto falta de sentir, porque falta é só o que sinto.
Terra e ar
Ela me tem em excesso
Tem-me por mim, pra ela
Prende-me, não por mim, pra ela
Agora antes da terra preciso do ar
Flutuar em qualquer direção
Esbarrar-me em qualquer canto
E continuar, sempre continuar por aí
Como se nada existisse
Como se nada impedisse
Excesso de terra pesa
Preciso antes do ar pra flutuar
Sim, um pouco de terra pra me manter
Preciso antes do ar,
Pra me perder por aí sem me importar
Tenho antes a terra
Pra me importar sem me perder
Prefiro antes o equilíbrio
Pra flutuar e me importar
Pra me perder e sempre me achar
Tenho antes o acaso que me acha sempre que me perco.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Insônia
Quebrando o silêncio noturno com meias palavras de pensamentos inteiros. O silêncio que quebra meu sono e parte meu dia. São imagens aleatórias que surgem sem que eu perceba, são dizeres que nem percebo que surgem. O que estou fazendo às 02:33??? Tentando não fazer nada pra não sentir que estou realmente inerte. Inerte, sem movimentos, sem ações. Talvez agora eu possa fingir estar fazendo algo pra sentir o mundo girando e tudo que acontece enquanto estou deitada. Não faço nada, nem consigo dormir. Então, não conseguir dormir é fazer alguma coisa? Porque alguma coisa é qualquer coisa e qualquer coisa já é alguma coisa... Enfim, esses dias têm passado como um passado que não passa, embora eu tenha certeza de que passará. Não, não importa o que aconteça... Tudo passa. As noites, os sonos, os silêncios, o passado, o presente, eu, você!