sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Palavras

Sentei em palavras que flutuavam
Eu sabia que elas pertenciam a mim
Mas não sabia o que fazer com elas
E elas flutuavam e me mostravam o que tinha que ser dito
O que tinha que ser feito
Palavras que eram minhas, mas não me pertenciam
E as palavras me levaram além
Me levaram a um lugar desconhecido
Onde eu podia me achar
Pisei em algumas palavras que se transformaram
E me modificaram
Algumas eu chutei
Palavras ao ar me envolviam
E me diziam, e me sentiam
Palavras que me pertenciam, mas não eram minhas
Eram palavras
Que voavam e me levavam, sim
Mas eram só palavras que por ali mesmo ficavam
E me deixavam.
Palavras que eu trazia ao chão
Palavras que aos poucos eram minhas e me pertenciam

3 comentários:

  1. Este poema me trouxe à lembrança uma reflexão de Trotski "todo verdadeiro criador sabe que nos momentos de criação alguma coisa de mais forte do que ele próprio lhe guia a mão.

    E é bem isto, Carol. Nós recepcionamos o mundo através da linguagem e como não abarcamos todo o universo desta, certamente há momentos em que nos percebemos bem menores que o próprio arsenal linguístico com o qual decodificamos (ou codificamos?) o real.

    Parabéns pelo seu texto. Você tem muito talento!

    Grande beijo!

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  2. Ah, sim!

    Quando puder, siga meu blog: www.movimentotorto.com


    ;*

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  3. carol ... quanto tempo...
    adorei o seu blog
    indiquei ele p/ o selo de qualidade
    se der passa lá no meu blog p/ ver o selo
    http://laisinha-mnemosine.blogspot.com/

    BjS saudadess

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